segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Crônica de uma candidatura nati-morta.

por luisnassif, seg, 16/08/2010 - 10:37
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Agora, quando o jogo caminha para o final, ficou fácil avaliar o potencial político de Serra.
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No ano passado, alertei inúmeras vezes para o desastre anunciado da sua candidatura. Algumas pessoas interpretaram como visão parcial de quem tomou posição.
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Admito que tomei posição, sim. Depois que a gestão Serra em São Paulo e o pacto espúrio com a mídia desnudaram sua verdadeira personalidade, enxerguei-o como a maior ameaça que já se teve para a consolidação do processo político brasileiro - trabalho duro, pertinaz, desenvolvido desde o impeachment de Collor.
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Mas não se briga com os fatos. Se não tivesse perfeita consciência sobre os desdobramento da campanha, jamais teria feito os prognósticos que fiz, já que poderiam ser facilmente desmoralizados pelos fatos.
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Aqui, o artigo
"O Senhor da Guerra", de 8 de setembro de 2006, onde mostrava que a única saída para Serra e o PSDB seria abrir mão do legado de FHC, não se deixar levar pelo espírito golpista que se apossou dele e tratar de refundar o PSDB.
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Aqui, o artigo
"O Último Suspiro de Serra", de 19 de julho de 2009. Nele, os principais vícios de origem que levariam ao fracasso da candidatura. Apenas agora a velha mídia está caindo na real.
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Quando Aécio anunciou sua desistência da pré-candidatura, escrevi a coluna
"O maior lance de Aécio", em 17 de dezembro de 2009. Lá, explicava que a lógica de Serra seria levar a indefinição até março. Depois, abriria mão da candidatura, se candidataria ao governo de São Paulo sem o risco de ter Aécio na presidência - já que o pouco tempo de campanha inviabilizaria sua candidatura. Percebendo isso, Aécio comunicou sua desistência e deixou Serra com a broxa na mão. Sua idéia era que Serra se definisse logo e, pulando fora, abrisse espaço para sua candidatura:
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1. Ele tem dois cargos à disposição: o de candidato à presidente ou de candidato à reeleição. Para o primeiro, as chances são menores; para o segundo, as chances são concretas.
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2. Perdendo a disputa para a Presidência, no dia seguinte aposenta-se da política. O PSDB em peso vai para os braços de Aécio Neves. E São Paulo ficará nas mãos de Geraldo Alckmin - correligionário porém adversário.
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3. Se se candidatar à reeleição por São Paulo, provavelmente leva, mas abrirá caminho para a candidatura de Aécio para a Presidência. Tornando-se presidente, no mesmo momento Aécio ofuscará para sempre a liderança de Serra que, até mesmo pela idade, não terá uma outra oportunidade de se candidatar à Presidência.
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4. A lógica de Serra consistiria em arrastar a definição do candidato à presidência até março. Lá, desistiria, se candidataria ao governo de São Paulo mas, pelo pouco tempo, inviabilizaria o candidato do PSDB. Com isso mataria qualquer possibilidade do PSDB ressurgir com uma nova liderança.

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E concluía:
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O próximo lance, agora, será de Serra. Não terá mais como passar o pepino para outro disposto ao sacrifício - como foi com Alckmin em 2006.
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A indecisão de Serra apressou o desmonte do PSDB. Recentemente, o Estadão publicou ótima reportagem onde conta que, no começo do ano, Serra tentou desistir da candidatura, procurou FHC para se aconselhar, mas o ex-presidente mostrou que não dava mais para pular fora.
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Em 19 de dezembro de 2009 publiquei artigo descrevendo o estilo Serra de gestão:
"A inapetência administrativa de Serra". Ali, mostrava a verdadeira faceta de Serra, agora desnudada pelo desastre que foi a gestão da sua própria campanha: nunca foi administrador, nem gerente. O artigo motivou pressões da Secretaria de Comunicação do governo do Estado sobre os jornais que publicaram a coluna.
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Aqui,
"O fim da era paulista da política", de 21 de fevereiro de 2010, mostrando que o jogo tinha terminado.
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Em 10 de agosto de 2010 publiquei o artigo
"FHC-Serra, uma relação delicada", tentando decifrar a dependência emocional de Serra em relação a Fernando Henrique.
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Muitas vezes previ que no próximo ano a velha mídia procederia à desconstrução da própria imagem que criou de Serra. E o faria com gana, sentindo-se ludibriada por ter apostado em um cavalo manco.
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Errei o prazo. A desconstrução já começou.

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