segunda-feira, 8 de novembro de 2010

A “desinvenção” do Nordeste.

Por Túlio Muniz*
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Em “A invenção do Nordeste”, Durval Muniz dá dimensão histórica de como ao longo dos séculos o Nordeste foi “inventado” como região de coesão imaginária entre diferentes populações que o compõem. Em grande medida, a invenção se deu para justificar a migração de mão de obra barata para outras regiões do país, notadamente para o Sudeste, a partir do século XIX e até hoje, ainda que com outras configurações, geralmente mão de obra especializada em setores determinados (confeitaria natalina, por exemplo). O “retirante” não existe mais há pelo menos seis anos, um dos tantos méritos do Bolsa Família a ser melhor compreendido.
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Entretanto, tentar entender ódio e xenofobia que afloram no periódo pós-eleitoral pelo viés regional é um equívoco, e o próprio resultado da votação demonstra isso (Dilma perdeu por pouco no Sul, e, afinal, ganhou no Sudeste, no computo geral). É verdade que subsistem aspectos comuns entre potiguares, cearenses, piauienses, paraibanos e pernambucanos na religiosidade, na culinária e em tantos outros campos, mas daí a atribuir ao “nordestino” uma identidade única há uma distância enorme. E seria um desatino afirmar que paulistas e cariocas tem semelhanças por serem “sudestinos”.
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Patente é que a desigualdade sócio-económica se concentra cá pelo “Nordeste”, e são necessários esforços que a reduzam. Cabe aos brasileiros, todos, fortalecer sua diversidade contra a “identidade nacional”, que se deteriora diante do país real que aflora a cada eleição.
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Túlio Muniz, jornalista, Bacharel e Mestre em História pela UFC, doutorando na Universidade de Coimbra-Portugal, nasceu em Minas e é radicado no Ceará há mais de 15 anos.
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Postado no site www.cartacapital.com.br

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